Nº 216 - julho/agosto (july/august) de 2020
Mapa indicando os locais de ocorrência de Pyrrhocoma ruficeps na Região
Metropolitana de São Paulo (região destacada em laranja no mapa do estado de
São Paulo e delimitada pela linha preta no mapa de registros). Quadrados
vermelhos: novos registros documentados por este estudo; Quadrados laranjas:
registros recentes provenientes de dados secundários; Círculos verdes:
registros históricos baseados em espécimes depositados em coleções
ornitológicas. Os números indicam a ordem cronológica dos registros que se
encontram referenciados na coluna N da Tabela 1 e respectivas informações.
Em cinza, fragmentos florestais de Mata Atlântica; em branco, áreas não
florestais; em preto, mancha urbana.
Pág. 04: Registros de Myrmoderus squamosus (Passeriformes:
Thamnophilidae) na região norte do Paraná revelam uma raridade nas florestas
semideciduais. Por Fábio Toledo das Dores & Marcos Antônio Melo.
Resumo. No estado de São Paulo, o cabecinha-castanha,
Pyrrhocoma ruficeps distribui-se principalmente na porção leste,
enquanto na Região Metropolitana de São Paulo - RMSP, sua ocorrência era
conhecida apenas por meio de registros históricos nos municípios de
Salesópolis e Santo André. O presente trabalho apresenta uma revisão dos
registros históricos e atuais de P. ruficeps para a RMSP. Foram realizadas
buscas por registros publicados em livros e artigos científicos, bem como em
plataformas de ciência cidadã e de dados ornitológicos disponíveis on-line.
Em 2013, após 35 anos, a espécie voltou a ser observada na RMSP. Os
registros de P. ruficeps aumentaram consideravelmente entre 2013 e 2020,
sendo a maioria realizados no outono e inverno, indicando este como o
principal período que a espécie utiliza os fragmentos florestais situados na
RMSP. Novos estudos de campo são importantes para determinar o status de
ocorrência de P. ruficeps na RMSP e se seus deslocamentos podem estar
associados a algum tipo de migração. Palavras-chave: deslocamentos, estudos
de campo, fragmentos florestais, perímetro urbano.
Abstract.
Review of the records of the Chestnut-headed Tanager, Pyrrhocoma ruficeps
(Passeriformes: Thraupidae) for the São Paulo metropolitan region, SP,
Brazil. In the state of São Paulo, Pyrrhocoma ruficeps is mainly distributed
in the eastern portion, while in the São Paulo metropolitan region, its
occurrence was known only through historical records in the Salesópolis and
Santo André municipalities. This paper presents a review of the historical
and current records of P. ruficeps for the São Paulo metropolitan region.
Searches were performed for records published in books and scientific
articles, as well as in citizen science platforms and ornithological data
available online. In 2013, after 35 years, the species was observed again in
the São Paulo metropolitan region. The records of P. ruficeps increased
considerably between 2013 and 2020, with the majority being carried out in
the autumn and winter periods, indicating this as the main period in which
the species performs out regional displacements. New field studies are
important to determine the occurrence status of P. ruficeps in the São Paulo
and if its displacements are associated to migratory behaviour.
O “Coucou tacheté de Cayenne” (Brisson 1760:pl.9) que inspirou Linnaeus
(1766) à descrição original de
Cuculus naevius.
Pág. 09: Biologia reprodutiva do carão, Aramus guarauna (Gruiformes:
Aramidae), no Pantanal brasileiro, com uso de dados da ciência-cidadã. Por
Fernando C. Straube.
Resumo. Consta na literatura que a
etimologia do gênero Tapera (Cuculidae) é alusiva à entidade mitológica
brasileira conhecida como Matinta-pereira. Neste estudo, elaborado com base
em aspectos históricos e linguísticos, além das informações disponíveis em
sua descrição original, sugere-se uma outra interpretação. Discute-se as
palavras “tapera” e “taperá”, incluido suas datações enquanto vocábulos da
língua portuguesa, bem como um exame do uso feito às andorinhas (Hirundinidae),
andorinhões (Apodidae) e mesmo outras aves. A julgar a fragilidade da
hipótese etimológica, concluo que tapera e taperá são palavras originalmente
paroxítonas, independentes e, portanto, não cognatas. Além disso, seu uso é
aplicado popularmente para as famílias Apodidae e Hirundinidae, mesmo que
historicamente o uso corrente aludisse a essa última. É exatamente esse
vocábulo que inspirou Thunberg ao descrever o gênero Tapera, que se refere
ao nome adotado por Marcgrave às andorinhas e não ao Matinta-pereira com
sugerido por alguns autores.
Abstract.
The alleged current etymology of the genus Tapera is related to the
Brazilian mythologic entity called “Matinta-pereira”. However, there is
another interpretation based on historical, linguistic, in addition to the
information available in its original description. The words “tapera” and “taperá”
are discussed, including their dates as words in the Brazilian Portuguese
language, as well as its use for swallows (Hirundinidae), swifts (Apodidae)
and even other birds. Judging the fragility of the etymological hypothesis,
I conclude that tapera and taperá are originally paroxytonous, independent,
and therefore not cognate words. In addition, its use is commonly applied to
the Apodidae and Hirundinidae families, even though historically the current
use has alluded to the latter. It is precisely this word that inspired
Thunberg when describing the genus Tapera, which referes to the name used by
Marcgrave for swallows and not “Matinta--pereira” as suggested by some
authors.