A relação homem-animal
©UCCELLI - Nov.2002-pág. 40-42; Dez.2002.
A Pet therapy": significado, origens, múltiplas aplicações. Um claro exemplo de pet therapy: a espantosa história de Robert Stroud (Elementos de Zooantropologia).
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O uso do animal como co-terapeuta não põe problemas éticos, com exceção para a golfinho-terapia que suscita algumas perplexidades em relação ao uso de mamíferos aquáticos em regime de estreita catividade. A Pet therapy torna-se de fato eficaz, somente quando o animal está em grau de expressar o natural e apropriado repertório etológico, sem ser forçado ou obrigado a isso. A constante consulta ao médico veterinário permitirá o perfeito estado sanitário do auxiliar não humano, pressuposto essencial para que possa desenvolver plenamente o papel de reabilitação que é solicitado sem constituir ao mesmo tempo um potencial veículo de transmissão de doenças (zoonoses) ao paciente.
Quando se fala de uso de animais de estimação com finalidade puramente terapêutica geralmente se refere aos "humanizáveis" cães, embora também outras espécies domésticas sejam suscetíveis de emprego com ótimos resultados.
Os campos de aplicação da pet therapy são muito vastos e vão desde a terapia de reabilitação para pacientes com distúrbios físicos ou comportamentais, à prevenção de estados depressivos e de patologias cárdio-vasculares, e até como à pura e simples função de formação e educação das crianças em idade evolutiva.
A pet therapy tem se revelado eficaz no tratamento do autismo. Nestes pacientes com graves distúrbios da esfera afetivo-relacional, o cão co-terapeuta (e a golfinho-terapia) tem permitido freqüentemente grandes progressos clínicos. Na realidade o mamífero doméstico suscita na criança com autismo um processo indicativo - através do estabelecimento entre os dois de uma comunicação "coerente" não verbal, do tipo mímico-gestual, semelhante àquele que acontece entre a gestante e o recém nascido - adquirindo o animal o papel de "sujeito transacional" entre mundo interior e exterior da criança inválida, contribuindo para restabelecer a homeostasia de relação gravemente comprometida pela psicose. Sempre na idade evolutiva o animal de companhia de jogos estimula a percepção do próprio corpo e da própria individualidade, educando o filhote de homem à biodiversidade, à alteração e infundindo na criança segurança, capacidade criativa e imaginação, melhoramento da comunicação não verbal, mímico-gestual; recusa de todo racismo e artificialismo. Crianças crescidas longe dos animais freqüentemente serão mais sujeitas à zoofobia e zoomania, ansiedade, insegurança.
A introdução de pets nas classes de ensino obrigatório melhorou o nível de atenção e de rendimento dos alunos, reduzindo o fenômeno de desvio e de abandono escolar. O emprego de animais em hospitais em algumas áreas da pediatria influencia favoravelmente o restabelecimento de muitas doenças, reduzindo o tempo de hospitalização.
A relação homem-animal oferece a vantagem de ser isenta de confrontos, não competitiva, não verbal e, assim, totalmente isenta de mensagens contraditórias; relaxante e conciliadora. Qualquer relação entre humanos - familiar e amigável - impõe sempre um ter que confrontar com o conspecífico e, em tal sentido, sempre gera de uma parte, embora mesmo mínimo, estresse. A proximidade dos animais preenche o sentido de solidão das pessoas sós: crianças órfãs, presos, velhos. É um estímulo à socialização com outras pessoas que também possuam animais. Estimula o jogo, reduz a agressividade, tem favoráveis efeitos reguladores sobre a fraqueza cardíaca e pressão arterial. O prof. Aaron Katcher em "Interrelation between pets and people" destaca o potencial normotensão/hipertensão que os cães podem ter durante o acariciamento por parte do homem. A presença de aquários nas salas dos consultórios dos dentistas causam relaxamento nos pacientes provocando efeitos ansiolíticos e hipotensores, comparáveis aos primeiros estádios da hipnose.
Nos indivíduos mais jovens a posse de um pet ativa antigas emoções e renova o interesse pela vida; estimula o exercício físico - sobretudo quando o animal de companhia é um cão - faz o velho se sentir ainda útil e indispensável para alguém. O animal é uma preciosa ajuda terapêutica e re-educativa para pacientes com deficiências físicas. Crianças e adultos diminuem os acidentes neurológicos ou traumáticos do aparelho esquelético. O jogo com o animal e o ter que cuidar dele favorecem uma espontânea atividade motora reduzindo a hipertonia muscular espástica. A hipodromo-terapia é uma forma de pet therapia de indiscutível eficácia, em grau de determinar melhoramentos clínicos em pacientes com debilidades físicas ou psíquicas.
A presença de um animal num ambiente carcerário tende a reduzir a conflitualidade entre detentos que cuidam do próprio pet, reduz a freqüência de suicídios, melhora a cooperação entre os detentos e guarda carcerária. Já em 1983 Pethes tinha notado durante uma pesquisa estatística feita e ma Hungria que eram raros os episódios de auto-lesões em comunidades com presença de animais. Nos Estados Unidos uma norma de 1978 permite a introdução de pequenos animais de estimação nas prisões (aves, répteis, anfíbios, peixes ornamentais). Sempre nos Estados Unidos este tipo de experiência teve um precedente nos anos vinte. Refiro-me a história humana de Robert Stroud, homicida e protagonista de crimes bárbaros, condenado ao enforcamento e depois perdoado em 1920 pelo presidente Wilson que comutou a sentença capital que havia sido condenado, para a pena de isolamento permanente. Depois de várias transferências Stoud fica na prisão de Alcatraz, localizado na homônima ilha, na baia de São Francisco (Califórnia).
Um dia o preso, no horário de banho de sol no pátio a ele reservado achou um filhote de pardal no chão, frio e quase morrendo. O recolheu, cuidou dele conseguindo salvá-lo e fazê-lo crescer. Depois pediu e obteve da direção da penitenciária consentimento para criar na cela alguns casais de canários e daquele momento Stroud manifestou uma verdadeira e própria metamorfose. Aquele homem rude e sanguinário se transformou - quase que por um encanto - em um delicado e apaixonado estudioso da biologia das aves, chegando a se tornar em poucos anos um ornitófilo de fama mundial! Particularmente versado nos estudos e nas observações científicas sobre patologias das aves de gaiola, Stroud mandou imprimir - como autêntico auto-didata - dois tratados de ornitopatologia: "Diseases of Canaries" (Doenças dos Canários) e "Stroud's digest of bird diseases" (Resumo das doenças das aves por Stroud). Robert Stroud morreu na penitenciária de Alcatraz em 21 de novembro de 1963, com a idade de 73 anos, depois de ter passado no isolamento 53 anos de sua vida, confortado somente pela grande paixão pelo mundo das aves e da sua alegre, multiforme e multicolorida vizinhança.
A história do condenado passarinheiro ("birdman") americano subiu aos clamores da crônica internacional depois da realização do filme "O Homem de Alcatraz", dirigido por John Frankeimer, com o mítico Burt Lancaster no papel de Robert Stroud, filme que obteve uma indicação para o Oscar.
Concluindo podemos afirmar otimisticamente que os animais estão documentadamente em condições de melhorar a qualidade de vida do homem e até mesmo, auxiliar a cura de patologias de várias naturezas. Para a Federação Ornitofílica Italiana, deve ser reconhecido o mérito de estar sempre atenta e sensível a este tema emergente, fornecendo uma contribuição de destaque à sua divulgação e promovendo, ao mesmo tempo, interessantes momentos de aprofundamentos, debates e reflexões. Isto é, ao meu ver, uma confirmação positiva para a abertura da política federal e social e às problemáticas que, através do amigo mundo animal, investem necessidades e expectativas da sociedade atual. Um posterior elemento de crescimento e afirmação do nosso antigo Sodalizio que com quase 20.000 associados e 250 associações se coloca hoje com o título, entre as maiores instituição não governamentais sem fins lucrativos da Itália: parte integrante das suas camadas sócio-culturais.
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Tradução: PSF
©UCCELLI - Nov.2002-pág. 40-42; Dez. 2002 (apresentado sob autorização do autor Francesco Chieppa).
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